No seu afã de justificar as graves violações dos direitos humanos em Cuba, Lula ofendeu a todos os cidadãos comprometidos com as causas democráticas e humanitárias, em sua entrevista à Associated Press. A degradação moral da política externa de seu governo ficou evidenciada na sua absurda comparação entre presos políticos cubanos e criminosos comuns brasileiros, como se os dissidentes do regime de Fidel, condenados por delito de opinião, estivessem no mesmo patamar de um “Fernandinho Beira-Mar,” ou de um “Elias Maluco.”
Já tinha sido um disparate o comportamento de Lula no episódio da morte do preso político Orlando Zapata, quando nosso presidente acusou Zapata por se “deixar morrer”, em função de sua greve de fome. Do nosso presidente, o mínimo esperado era o respeito à dor dos familiares de Orlando Zapata e o respeito ao direito de opinar e divergir. Mas Lula sempre se supera na relativização dos valores e agora ultrapassou as fronteiras do tolerável ao afirmar que “temos de respeitar a determinação da Justiça e do governo cubano de prender as pessoas em função da lei de Cuba, assim como quero que respeitem o Brasil”; como se a Ilha fosse um Estado de Direito Democrático tal qual o é o nosso país.
Para felicidade dos brasileiros, em nossa Pátria ninguém vai para os cárceres por “delito” político. Nosso sistema jurídico assegura o amplo direito de defesa e nele inexiste a pena de morte, mesmo no caso de quem comete crimes bárbaros. Já em Cuba, existe não apenas o crime de opinião, mas também a “Lei da Periculosidade”. Ela permite ao regime prender qualquer dissidente com base na presunção de que ele tem a intenção de cometer delito de opinião. Ou seja, o simples ato de pensar ou desejar já é considerado crime.
A pena de morte existe para os prisioneiros de consciência (em 2003 foram fuzilados três dissidentes) e o código jurídico cubano permite a ampliação da pena de quem já foi condenado, sob o pretexto de desacato às normas carcerárias draconianas. Esta prática lembra muito bem os “Gullags” de Stalin, onde era comum a ampliação da pena de um dissidente, até que ele morresse em um campo de concentração. Ou nas masmorras de Lubianka. Foi o que aconteceu com Orlando Zapata, cuja pena inicial de três anos foi ampliada para 28 anos!
Propositadamente, Lula embaralha as cartas e ignora que as ditaduras criam a sua institucionalidade, como aconteceu no Brasil, durante o regime militar. A Alemanha de Hitler tinha seu ordenamento jurídico, o que tornou “legal” o holocausto de seis milhões de judeus. O que deveria fazer a humanidade? Respeitar a Justiça Nazista?
Lula meteu-se ainda a condenar a greve de fome dos dissidentes, taxando-a de uma insanidade que “não pode ser utilizada como um pretexto dos [da luta por] Direitos Humanos para libertar pessoas. Imagine se todos os bandidos que estão presos em São Paulo entrarem em greve de fome e pedirem liberdade”. Para diferenciar os presos políticos de Cuba, dos bandidos comuns, recorremos às palavras de Guilhermo Fariñas: “Queria que (Cuba) fosse uma sociedade próspera, onde houvesse liberdades políticas, sociais e econômicas e uma democracia representativa. E que houvesse uma conciliação entre os cubanos de diferentes ideologias”. Este é o sentido da 23ª greve de fome de Fariñas.
Para não agredir a história, o presidente deveria deixar de taxar de “insanos” e “suicidas” quem apela para a greve de fome, na defesa de seus ideais. Por acaso estes adjetivos podem ser aplicados a Ghandi, que em sua luta pela independência da Índia fez 15 greves de fome? E Mandela tinha vocação suicida quando utilizou esta arma?
O expediente da greve de fome foi utilizado pelos presos políticos brasileiros, durante o regime militar, por mais de 20 vezes. Em todas elas, contaram com a solidariedade de religiosos como D. Paulo Evaristo Arns e de grupos dos direitos humanos. Qual a razão para o governo brasileiro não ter a mesma solidariedade com os prisioneiros de consciência de Cuba? Lula parece ter esquecido de seu próprio passado. Lembro que ele fez greve de fome nos estertores da ditadura militar. Seu posicionamento de hoje nos permite perguntar se ela realmente foi para valer e ou apenas um lance de marketing político (área na qual se revelou posteriormente um mestre) que nunca seria levada até as últimas consequências.
É lamentável assistir ao Itamaraty desonrar a sua tradição de compromisso com os valores universais da humanidade e trilhar o caminho do escapismo e da galhofa. Ao tentar justificar as desastradas declarações do presidente, o chanceler Celso Amorim fez, no fundo, a defesa do regime cubano, responsabilizando os Estados Unidos pelas violações dos direitos humanos em Cuba. Não satisfeito, considerou como uma “autocrítica” de Lula seu juízo de valor sobre a greve de fome dos dissidentes. Então quer dizer que os antigos presos políticos brasileiros devem um pedido de desculpa por terem utilizado esta arma?
Só há uma justificativa para a posição do governo Lula: a afinidade ideológica do lulo-petismo com o modelo cubano, pautado na ditadura do partido único e na inexistência de um poder judiciário democrático. O argumento do respeito às decisões da Justiça de outro país não se sustenta, pois este princípio não foi observado em relação à decisão da Justiça italiana em sua decisão de solicitar do Brasil a extradição de Cesare Battisti e muito menos na decisão da Justiça hondurenha, quando ela afastou Manuel Zalaya.
A degradação moral da política externa de Lula leva à relativização da democracia e dos valores humanitários, sempre ignorados quando se trata de ditaduras “amigas.” Seja no Caribe, no Irã ou no Sudão, os ditadores têm uma certeza: contam com a benevolência de Lula, eternamente disposto a aceitar suas explicações sobre os crimes que cometem contra os direitos humanos.
Já tinha sido um disparate o comportamento de Lula no episódio da morte do preso político Orlando Zapata, quando nosso presidente acusou Zapata por se “deixar morrer”, em função de sua greve de fome. Do nosso presidente, o mínimo esperado era o respeito à dor dos familiares de Orlando Zapata e o respeito ao direito de opinar e divergir. Mas Lula sempre se supera na relativização dos valores e agora ultrapassou as fronteiras do tolerável ao afirmar que “temos de respeitar a determinação da Justiça e do governo cubano de prender as pessoas em função da lei de Cuba, assim como quero que respeitem o Brasil”; como se a Ilha fosse um Estado de Direito Democrático tal qual o é o nosso país.
Para felicidade dos brasileiros, em nossa Pátria ninguém vai para os cárceres por “delito” político. Nosso sistema jurídico assegura o amplo direito de defesa e nele inexiste a pena de morte, mesmo no caso de quem comete crimes bárbaros. Já em Cuba, existe não apenas o crime de opinião, mas também a “Lei da Periculosidade”. Ela permite ao regime prender qualquer dissidente com base na presunção de que ele tem a intenção de cometer delito de opinião. Ou seja, o simples ato de pensar ou desejar já é considerado crime.
A pena de morte existe para os prisioneiros de consciência (em 2003 foram fuzilados três dissidentes) e o código jurídico cubano permite a ampliação da pena de quem já foi condenado, sob o pretexto de desacato às normas carcerárias draconianas. Esta prática lembra muito bem os “Gullags” de Stalin, onde era comum a ampliação da pena de um dissidente, até que ele morresse em um campo de concentração. Ou nas masmorras de Lubianka. Foi o que aconteceu com Orlando Zapata, cuja pena inicial de três anos foi ampliada para 28 anos!
Propositadamente, Lula embaralha as cartas e ignora que as ditaduras criam a sua institucionalidade, como aconteceu no Brasil, durante o regime militar. A Alemanha de Hitler tinha seu ordenamento jurídico, o que tornou “legal” o holocausto de seis milhões de judeus. O que deveria fazer a humanidade? Respeitar a Justiça Nazista?
Lula meteu-se ainda a condenar a greve de fome dos dissidentes, taxando-a de uma insanidade que “não pode ser utilizada como um pretexto dos [da luta por] Direitos Humanos para libertar pessoas. Imagine se todos os bandidos que estão presos em São Paulo entrarem em greve de fome e pedirem liberdade”. Para diferenciar os presos políticos de Cuba, dos bandidos comuns, recorremos às palavras de Guilhermo Fariñas: “Queria que (Cuba) fosse uma sociedade próspera, onde houvesse liberdades políticas, sociais e econômicas e uma democracia representativa. E que houvesse uma conciliação entre os cubanos de diferentes ideologias”. Este é o sentido da 23ª greve de fome de Fariñas.
Para não agredir a história, o presidente deveria deixar de taxar de “insanos” e “suicidas” quem apela para a greve de fome, na defesa de seus ideais. Por acaso estes adjetivos podem ser aplicados a Ghandi, que em sua luta pela independência da Índia fez 15 greves de fome? E Mandela tinha vocação suicida quando utilizou esta arma?
O expediente da greve de fome foi utilizado pelos presos políticos brasileiros, durante o regime militar, por mais de 20 vezes. Em todas elas, contaram com a solidariedade de religiosos como D. Paulo Evaristo Arns e de grupos dos direitos humanos. Qual a razão para o governo brasileiro não ter a mesma solidariedade com os prisioneiros de consciência de Cuba? Lula parece ter esquecido de seu próprio passado. Lembro que ele fez greve de fome nos estertores da ditadura militar. Seu posicionamento de hoje nos permite perguntar se ela realmente foi para valer e ou apenas um lance de marketing político (área na qual se revelou posteriormente um mestre) que nunca seria levada até as últimas consequências.
É lamentável assistir ao Itamaraty desonrar a sua tradição de compromisso com os valores universais da humanidade e trilhar o caminho do escapismo e da galhofa. Ao tentar justificar as desastradas declarações do presidente, o chanceler Celso Amorim fez, no fundo, a defesa do regime cubano, responsabilizando os Estados Unidos pelas violações dos direitos humanos em Cuba. Não satisfeito, considerou como uma “autocrítica” de Lula seu juízo de valor sobre a greve de fome dos dissidentes. Então quer dizer que os antigos presos políticos brasileiros devem um pedido de desculpa por terem utilizado esta arma?
Só há uma justificativa para a posição do governo Lula: a afinidade ideológica do lulo-petismo com o modelo cubano, pautado na ditadura do partido único e na inexistência de um poder judiciário democrático. O argumento do respeito às decisões da Justiça de outro país não se sustenta, pois este princípio não foi observado em relação à decisão da Justiça italiana em sua decisão de solicitar do Brasil a extradição de Cesare Battisti e muito menos na decisão da Justiça hondurenha, quando ela afastou Manuel Zalaya.
A degradação moral da política externa de Lula leva à relativização da democracia e dos valores humanitários, sempre ignorados quando se trata de ditaduras “amigas.” Seja no Caribe, no Irã ou no Sudão, os ditadores têm uma certeza: contam com a benevolência de Lula, eternamente disposto a aceitar suas explicações sobre os crimes que cometem contra os direitos humanos.
Paulo Renato de Souza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário