O PSDB do Pará, através do seu Instituto de Estudos Políticos “Teotonio Vilela”, vem realizando simpósios por todo o Estado discutindo sobre “o Pará que queremos”. Interessante. E discordo do meu amigo José Carlos Lima, ex-chefe da Casa Civil do governador Simão Jatene, quando diz, em seu blog, que não entende como um partido que passou 12 anos no governo, ainda precisa discutir alguma coisa sobre o Pará. Estranho. Aliás, muito estranho, até porque um chefe da Casa Civil de um governador do Pará sabe o quão é complexo governar um Estado com as dimensões territoriais do nosso, e, principalmente, com as suas diferentes peculiaridades regionais.
Ademais, a indiscutivel crise no setor da saúde, com a paralisia quase total dos nossos hospitais, além da clara e evidente falta de segurança pública em Belém e também no interior, já justificaria esse debate sobre “o Pará que queremos”. Afora isso, não há como negar que no atual governo a economia do Estado foi engessada, estabelecendo-se uma total paralisia nas atividades produtivas de vários municípios, como é o caso de Breves, por exemplo, onde foram fechadas todas as serrarias e dispensados 18 mil operários que alí trabalhavam e ganhavam o sustento de suas famílias.
Por outro lado, o fechamento das madeireiras paralisou, também, o serviço daqueles que tiravam as madeiras na mata. E assim, de uma só tacada, ficaram sem trabalho os operários das serrarias e os produtores de madeira em toras, que, a partir daí, perderam todo o seu poder de compra. E isso logo foi sentido no comércio local, em razão da queda no volume de vendas a varejo, o que obriga os comerciantes, por sua vez, a dispensarem os seus vendedores, atendentes e assim por diante.
Esta é a triste realidade não apenas de Breves, mas de todos os municípios da região das ilhas e dos demais, cuja base da economia era centrada na indústria madeireira. Mas o pior é que, além da fome e do desespero das famílias, estabeleceu-se na região a revolta de alguns e a desesperança de outros. E, neste caso, de pouco adianta a propaganda institucional anunciando a instalação de uma siderúrgica em Marabá, para daqui a alguns anos, até porque, caso não seja tomada nenhuma providência efetiva, até lá a população da região das ilhas já terá morrido de fome ou se mudado para outro lugar.
O povo dessa região, que historicamente sempre trabalhou na mata ou em serrarias, não tem qualificação profissional para trabalhar em siderúrgica ou metalúrgica. O que fazer? Porque antes de fecharem as serrarias, com as famosas operações “arco de fogo” e outras, não se mudou a base produtiva dessa população, que, também, tem direito a vida e que precisa se alimentar e se vestir? Que pecado essa gente cometeu, para está condenada a mudar do lugar onde nasceu ou a morrer de fome com os seus filhos? Será pecado ter nascido nas beiradas dos rios do Marajó e da região das ilhas? Por acaso o Pará não é a terra de direitos, tã o propalada pelo Governo do Estado? É esse o Pará que queremos? Não! Seguramente que não! Até porque o Pará que certamente queremos é aquele onde haja segurança pública, onde os hospitais funcionem a contento, onde haja emprego e trabalho para as pessoas e, mais do que isso, tenha-se uma perspectiva de futuro.
E isso, salvo melhor juizo, passa, necessáriamente, por uma mudança na estrutura e funcionamento do ensino médio do Estado, de forma a dotá-lo, também, de cursos técnicos profissionalizantes, que deem aos nossos jovens a possibilidade de uma profissão, com mão de obra qualificada e que atenda as necessidades do mercado de trabalho. E, da mesma forma como ocorreu com os hospitais regionais de média e alta complexibilidade, que essas escolas técnicas estaduais sejam implantadas nas chamadas cidades-polos do interior e algumas outras nos municípios que integram a região metropolitana de Belém.
Creio que com uma boa gestão nas finanças do Estado, c Pará poderia avançar nessa direção, diversificando o ensino médio e gerando mão de obra qualificada. E que assim seja.
Abraços,
Nicias Ribeiro.
(Publicado em O Liberal em 26/05/2010, 1º caderno, pág. 02)
Ademais, a indiscutivel crise no setor da saúde, com a paralisia quase total dos nossos hospitais, além da clara e evidente falta de segurança pública em Belém e também no interior, já justificaria esse debate sobre “o Pará que queremos”. Afora isso, não há como negar que no atual governo a economia do Estado foi engessada, estabelecendo-se uma total paralisia nas atividades produtivas de vários municípios, como é o caso de Breves, por exemplo, onde foram fechadas todas as serrarias e dispensados 18 mil operários que alí trabalhavam e ganhavam o sustento de suas famílias.
Por outro lado, o fechamento das madeireiras paralisou, também, o serviço daqueles que tiravam as madeiras na mata. E assim, de uma só tacada, ficaram sem trabalho os operários das serrarias e os produtores de madeira em toras, que, a partir daí, perderam todo o seu poder de compra. E isso logo foi sentido no comércio local, em razão da queda no volume de vendas a varejo, o que obriga os comerciantes, por sua vez, a dispensarem os seus vendedores, atendentes e assim por diante.
Esta é a triste realidade não apenas de Breves, mas de todos os municípios da região das ilhas e dos demais, cuja base da economia era centrada na indústria madeireira. Mas o pior é que, além da fome e do desespero das famílias, estabeleceu-se na região a revolta de alguns e a desesperança de outros. E, neste caso, de pouco adianta a propaganda institucional anunciando a instalação de uma siderúrgica em Marabá, para daqui a alguns anos, até porque, caso não seja tomada nenhuma providência efetiva, até lá a população da região das ilhas já terá morrido de fome ou se mudado para outro lugar.
O povo dessa região, que historicamente sempre trabalhou na mata ou em serrarias, não tem qualificação profissional para trabalhar em siderúrgica ou metalúrgica. O que fazer? Porque antes de fecharem as serrarias, com as famosas operações “arco de fogo” e outras, não se mudou a base produtiva dessa população, que, também, tem direito a vida e que precisa se alimentar e se vestir? Que pecado essa gente cometeu, para está condenada a mudar do lugar onde nasceu ou a morrer de fome com os seus filhos? Será pecado ter nascido nas beiradas dos rios do Marajó e da região das ilhas? Por acaso o Pará não é a terra de direitos, tã o propalada pelo Governo do Estado? É esse o Pará que queremos? Não! Seguramente que não! Até porque o Pará que certamente queremos é aquele onde haja segurança pública, onde os hospitais funcionem a contento, onde haja emprego e trabalho para as pessoas e, mais do que isso, tenha-se uma perspectiva de futuro.
E isso, salvo melhor juizo, passa, necessáriamente, por uma mudança na estrutura e funcionamento do ensino médio do Estado, de forma a dotá-lo, também, de cursos técnicos profissionalizantes, que deem aos nossos jovens a possibilidade de uma profissão, com mão de obra qualificada e que atenda as necessidades do mercado de trabalho. E, da mesma forma como ocorreu com os hospitais regionais de média e alta complexibilidade, que essas escolas técnicas estaduais sejam implantadas nas chamadas cidades-polos do interior e algumas outras nos municípios que integram a região metropolitana de Belém.
Creio que com uma boa gestão nas finanças do Estado, c Pará poderia avançar nessa direção, diversificando o ensino médio e gerando mão de obra qualificada. E que assim seja.
Abraços,
Nicias Ribeiro.
(Publicado em O Liberal em 26/05/2010, 1º caderno, pág. 02)
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