segunda-feira, 26 de abril de 2010

Obrigado presidente Lula

Não é segredo pra ninguém que sou um dos maiores críticos do governo do presidente Lula, não só porque seja partidário do PSDB, mas, fundamentalmente, pelo fato do seu governo não ter planos e nem metas, a não ser em relação à economia, em cujo setor, aliás, seguiu a risca as linhas estabelecidas pelo seu antecessor, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. No mais, especialmente em seu primeiro mandato, graças à postura ultraconservadora do ex-ministro Antonio Palocci, da fazenda, nenhum ou quase nenhum investimento foi realizado em infraestrutura no Brasil, seja nas rodovias federais que continuavam esburacadas e outras sem pavimentação, seja nas ferrovias que continuaram esquecidas ou nos portos e aeroportos. Aliás, foi nessa época que ocorreu o maior apagão aéreo da história desse País, quan do os aeroportos, principalmente os do Rio, S.Paulo e Brasília transformaram-se numa verdadeira balburdia, graças aos permanentes atrasos nos pousos e decolagens de aeronaves.
No que tange a infraestrutura de energia a coisa era pior, porque a ex-ministra Marina Silva, do Meio Ambiente, travava tudo e apoiava a inoperancia e a má vontade do IBAMA em conceder licenças ambientais para a construção de hidrelétricas. E pior: além de não concedê-las, não apontava as possíveis falhas nos estudos e relatórios de impactos ambientais e muito menos sugeriam as compensações que deviam ser assumidas pelo empreendedor, pelo ponto de vista ambiental. Aliás, o IBAMA funcionava, na época, apenas para impedir os investimentos no setor, como se a legislação ambiental brasileira, editada no governo FHC e considerada uma das mais avançadas do mundo, existisse apenas para travar o crescimento do País, quando, na verdade, ela foi feita para resguardar o meio ambiente e garantir as compensações , no caso de ser inevitável um grande impacto ambiental, até porque é impossível implantar qualquer projeto sem que haja um mínimo de agressão ao ambiente natural, principalmente quando se trata da construção de hidrelétricas. Mas, quando o IBAMA não analisa os pedidos de quase 40 projetos, alguns até de pequenas centrais hidrelétricas, quem padece é o Brasil, que carece de mais e mais energia para garantir o seu desenvolvimento. Daí as minhas críticas ao governo Lula que, a bem da verdade, não construiu nenhuma hidrelétrica em seu primeiro mandato, fato que aumentou, ainda mais, o risco do blecaute de energia previsto para 2012. Porém o presidente Lula, que de bobo não tem nada, aproveitou-se do escandalo da Caixa, que quebrou o sigilo bancário do caseiro, e exonerou o Palocci, do Ministério da Fazenda. E, já no seu 2º mandato, na batalha para o licenciamento das Usinas de Santo Antonio e Jirau, no rio Madeira, exonerou a ministra Marina da Silva, do Meio Ambiente, e, em seu lugar colocou o Minc que, apesar de presepeiro, obedecia ao comando do chefe, o presidente Lula. E assim, apesar dos “grandes bagres”, o IBAMA concedeu a licença prévia e depois a licença de instalação das obras dessas hidrelétricas, que irão incorporar ao nosso sistema elétrico mais 6 mil megawatts. Mas, enquanto isso acontecia os estudos de Belo Monte avançavam e foram concluidos, chegando-se as audiências públicas de Brasil Novo, Altamira, Vitória do Xingú e Belém, sendo que nessa última ví, estupefato, um promotor de justiça fazer um discurso inflamado, e, como se fosse um líder estudantil, convocou os seus seguidores, contrários a Belo Monte, a se retirarem daquela audiência pública, que, aliás, fora convocada, não para marcar posição política de quem que seja, mas, sim, para discutir os impactos ambientais, econômicos e sociais que a obra certamente causará na região. De qualquer forma, após o tumulto que acabo u com a saída dos agitadores, liderado pelo promotor de justiça, a citada audiência pública seguiu em frente e cumpriu a sua finalidade.
Realizadas as audiências públicas, a ANEEL marcou a data do leilão de concessão de Belo Monte para o dia de ontem, 20 de abril, que ocorreu pela parte da tarde, saindo vencedor o consórcio liderado pela construtora Queiroz Galvão e a CHESF. Obrigado presidente Lula, pelo seu empenho nessa batalha.

Abraços,

NICIAS RIBEIRO

(Publicado em "O liberal", no dia 21/04/10)

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