Presidente da República Federativa do Brasil por dois mandatos consecutivos (1995-2002), Fernando Henrique Cardoso é hoje presidente do Instituto Fernando Henrique Cardoso (iFHC, São Paulo) e presidente de honra do Diretório Nacional do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Copresidente da Comissão Latino-Americana sobre Drogas e Democracia desde 2008, liderou em 2010 a criação da Comissão Global sobre Políticas de Drogas, organização não-governamental de abrangência internacional. Presidente da Comissão Independente sobre AIDS e o Direito e membro do Conselho de Líderes Globais para a Saúde Reprodutiva.
É membro das diretorias do Clube de Madri (Madri) e do Inter-American Dialogue (Washington, D.C); membro consultivo da Clinton Global Initiative (New York, NY); do World Resources Institute (Washington, D.C), do Thomas. J. Watson Jr. Institute for International Studies da Universidade de Brown (Providence, RI) e da United Nations Foundation (New York, NY).
Nascido no Rio de Janeiro em 1931, foi casado com Ruth Cardoso (1930-2008) e tem três filhos. Sociólogo formado na Universidade de São Paulo, afirmou-se desde o final dos anos 1960 como um dos mais influentes intelectuais latino-americanos na análise de temas como os processos de mudança social, desenvolvimento e dependência, e democracia. Cardoso teve participação ativa na luta pela redemocratização do Brasil. Eleito Senador do Estado de São Paulo, foi Membro Fundador do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) em 1988. Foi Ministro das Relações Exteriores (10/1992 a 05/1993), e da Fazenda (05/1993 a 03/1994).
Ex-Professor catedrático de Ciência Política, hoje Professor Emérito da Universidade de São Paulo, ensinou nas Universidades de Santiago do Chile, da Califórnia (em Stanford e em Berkeley)e, de Cambridge (na cátedra Simon Bolívar) na Inglaterra, de Paris-Nanterre, bem como na École des Hautes Études en Sciences Sociales e no Collège de France. Presidente da Associação Internacional de Sociologia (ISA) (1982-1986). Doutor Honoris Causa de mais de vinte universidades das mais prestigiadas. Membro honorário estrangeiro da American Academy of Arts and Sciences.
Mereceu honrarias como o Prêmio "Príncipe das Astúrias de Cooperação Internacional 2000", o primeiro dos Prêmios "Mahbub ul Haq por Notável Contribuição ao Desenvolvimento Humano" do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (2002) e o Prêmio "J. William Fullbright para o Entendimento Internacional" (2003).
Fonte: FHC 80 anos
FHC merece os parabéns
Fonte: FHC 80 anos
FHC merece os parabéns
Carlos Alberto Sardenberg - O Estado de S.Paulo
Fernando Henrique Cardoso completa 80 anos no próximo dia 18. Eis aqui minha opinião sobre como ele mudou o Brasil.
Pode-se dizer que ele caiu de paraquedas no Ministério da Fazenda do governo Itamar Franco, em 19 de maio de 1993. FHC era chanceler desde 1992, estava satisfeito no cargo e foi surpreendido pela decisão de Itamar, que acabava de perder seu terceiro ministro da Fazenda.
FHC não é economista nem era especialmente entusiasmado pelo tema. Meio de brincadeira, meio a sério, sempre deixava escapar aqui e ali suas ironias a respeito do, digamos, excesso de confiança dos economistas. E foi assim que liderou talvez a maior virada econômica da história brasileira.
Nada foi por acaso. Ao contrário, foi um caso exemplar em que um líder político enxerga um caminho, reúne colaboradores para apoiá-lo tecnicamente e constrói a sustentação política para tocar o projeto.
FHC definiu o objetivo central: eliminar a inflação, devolver ao País uma moeda confiável. Cercou-se de economistas que ainda não tinham a fórmula pronta, mas eram acadêmicos que trabalhavam numa determinada linha de pensamento - o pessoal da PUC-Rio, mais ortodoxo. Deixou de lado, assim, uma turma paulista que sempre o acompanhara, mas que, na visão (acertada) de FHC, não tinha propostas firmes para enfrentar a inflação brasileira.
Muitos economistas convidados por FHC já tinham passado pelo governo. Haviam trabalhado no fracassado Plano Cruzado (1986-1987) e traziam dessa experiência uma impressão negativa do ambiente político brasileiro. Achavam difícil viabilizar um plano de estabilização, dadas as enormes mudanças que seriam necessárias em praticamente todos os setores da vida econômica.
Por exemplo: na ocasião, até como herança do regime militar, era tudo estatal (mineração, siderúrgicas, telecomunicações, bancos estaduais) e tudo ineficiente. Os políticos da democracia haviam gostado muito desse monte de vagas a ocupar. Como dizer a eles que seria preciso um amplo programa de privatização?
Só o prestígio pessoal e a liderança de FHC poderiam reunir, num fraco governo Itamar, os talentosos economistas chamados para a enorme tarefa de refazer a moeda brasileira.
A história da URV/real já é bastante conhecida. Menos conhecida é a arquitetura política desenhada por FHC para conseguir que o plano fosse aprovado dentro do governo, no Congresso e na sociedade.
Mesmo o sucesso imediato do real não tornou fácil aprovar as complementações, especialmente a reforma da Previdência, a Lei de Responsabilidade Fiscal, as privatizações, a quebra do monopólio da Petrobrás. Já como presidente, FHC certamente tinha mais poder, mas ainda assim precisou gastar muito capital político na votação das reformas constitucionais.
A oposição a essas medidas não vinha apenas do PT, mas dos próprios aliados de FHC, de seus amigos da academia e de amplos setores da sociedade, todos ainda com a cabeça antes da queda do Muro de Berlim.
FHC foi um dos raros políticos de seu tempo a entender o novo mundo. E soube como realizar essa agenda que mudou o Brasil de forma duradoura. Certamente houve equívocos e acidentes de percurso.
Mas eis o que importa: ficamos com uma moeda de verdade e todo um arcabouço institucional que preserva a estabilidade macroeconômica. Um outro país.
Flexa Ribeiro propõe voto de aplauso a FHC por seus 80 anos
Sen. Flexa Ribeiro |
Por proposta do senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), o plenário do Senado pode aprovar um voto de aplauso ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que governou o País durante oito anos (1995/2002) e completará 80 anos no dia 18 deste mês. De acordo com Flexa Ribeiro, ao longo de sua trajetória política Fernando Henrique firmou-se como estadista e “grande intelectual”. Além disso, acrescentou o senador paraense, ele se destacou por sua “notável capacidade de articulação partidária” como co-fundador do PSDB e presidente de honra do partido.
Flexa Ribeiro enfatizou ainda que, além de político, o ex-presidente tucano é professor, escritor e sociólogo e foi senador e ministro do Exterior e da Fazenda. Flexa Ribeiro também lembrou o seu grande marco na República brasileira – a criação do Plano Real – enquanto ministro da Fazenda no governo Itamar Franco.
“O colunista do jornal Folha de S. Paulo, Guilherme Barros, atribuiu ao Plano Real o aprendizado dos brasileiros sobre o ‘sentido de proporção’ quanto à sua capacidade de endividamento”, registrou o senador. Flexa destacou que Fernando Henrique graduou-se em Sociologia pela Faculdade de Filosofia,Ciência e Letras da Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduou-se pela Universidade de Paris, desenvolvendo carreira acadêmica no Brasil e no exterior. Em 1969, pontuou, ele fundou o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap). Flexa Ribeiro fez questão de frisar o ex-presidente também foi eleito o 11º pensador global mais importante pela revista Foreign Policy, em 2009, por sua contribuição para o debate sobre a política antidrogas. E reiterou que Fernando Henrique publicou diversas obras reconhecidas internacionalmente, entre as quais “Dependência e Desenvolvimento na América Latina”.
Fonte: Liderança do PSDB no Senado
Roberto Freire Parabeniza FHC
Dep. Roberto Freire |
O presidente Nacional do PPS, deputado federal Roberto Freire (SP), enviou, nesta quinta-feira, e-mail ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso parabenizando-o pelo seu aniversário de 80 anos que transcorrerá no próximo domingo (18).
No voto de felicitações, Freire destaca a importância da militância acadêmica e política de FHC e sua liderança que propiciou ao país a consolidação de mudanças do ponto de vista da economia, como o Plano Real.
Leia abaixo a íntegra do e-mail.
Estimado amigo Fernando Henrique:
Meus mais fraternos e sinceros cumprimentos pela passagem de seu aniversário natalício, que transcorrerá no próximo dia 18. As homenagens que você vem recebendo no país e em várias partes do mundo é o reconhecimento da construção de uma singular personalidade, sem fronteiras intelectuais e geográficas.
Por onde passou – seja na vida acadêmica como sociólogo e cientista político, com ricas e instigantes produções em nível nacional e global; e também na atividade política, como senador, ministro das Relações Exteriores e da Fazenda e presidente da República - deixou sua marca de democrata militante, de republicano na teoria e na prática e de alta sensibilidade para entender os problemas maiores do seu país e de sua gente, a ponto de lhes dar rumo ao liderar um amplo processo de mudanças consolidado com o Plano Real, que teve início no governo Itamar.
Tenho a convicção de que neste momento é preciso salientar, ainda, sua postura de estadista que, ao invés do marketing e da bazófia, soube enfrentar imensas dificuldades para introduzir o Brasil na contemporaneidade e abrir caminho para reformas estruturantes de um novo tempo.
No voto de felicitações, Freire destaca a importância da militância acadêmica e política de FHC e sua liderança que propiciou ao país a consolidação de mudanças do ponto de vista da economia, como o Plano Real.
Leia abaixo a íntegra do e-mail.
Estimado amigo Fernando Henrique:
Meus mais fraternos e sinceros cumprimentos pela passagem de seu aniversário natalício, que transcorrerá no próximo dia 18. As homenagens que você vem recebendo no país e em várias partes do mundo é o reconhecimento da construção de uma singular personalidade, sem fronteiras intelectuais e geográficas.
Por onde passou – seja na vida acadêmica como sociólogo e cientista político, com ricas e instigantes produções em nível nacional e global; e também na atividade política, como senador, ministro das Relações Exteriores e da Fazenda e presidente da República - deixou sua marca de democrata militante, de republicano na teoria e na prática e de alta sensibilidade para entender os problemas maiores do seu país e de sua gente, a ponto de lhes dar rumo ao liderar um amplo processo de mudanças consolidado com o Plano Real, que teve início no governo Itamar.
Tenho a convicção de que neste momento é preciso salientar, ainda, sua postura de estadista que, ao invés do marketing e da bazófia, soube enfrentar imensas dificuldades para introduzir o Brasil na contemporaneidade e abrir caminho para reformas estruturantes de um novo tempo.
Saudações democráticas,
Brasília, 16 de junho de 2011
Deputado federal Roberto Freire (PPS-SP)
Brasília, 16 de junho de 2011
Deputado federal Roberto Freire (PPS-SP)
Fonte: Portal Nacional do PPS
FHC: parabéns e obrigado!
Luiz Carlos Mendonça de Barros, Folha de S. Paulo, 17/06/11
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Por Reinaldo Azevedo
A MENSAGEM
Conheço Fernando Henrique há 46 anos. Chegar aos 80 com grande vitalidade física e intelectual é certamente uma fortuna. Melhor ainda para o Brasil e para nós, os seus amigos, que podemos compartilhar de sua inteligência e de sua clareza.
Fernando Henrique teve enorme influência na formação intelectual de várias gerações de brasileiros, e isso vale também para mim. Teve participação ativa na minha reinserção da política depois do exílio, e me foi dado o privilégio de comandar dois ministérios durante o seu governo.
Mesmo que assim não fosse, que não tivesse havido essa influência nem aquela amizade, eu o estaria cumprimentando de forma sincera, dada a importância que teve para o nosso país.
Ele foi a condição necessária para que o Brasil obtivesse duas conquistas históricas: o fim da superinflação de 15 anos e a implantação da rede de proteção social.
Devemos também a Fernando Henrique o exemplo de homem público digno, democrata convicto, defensor da liberdade e do respeito aos adversários. Fernando Henrique é uma experiência de civilidade. E sou muito grato por nossa amizade.
José Serra
EM CARTA enviada ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a presidente Dilma Rousseff reconhece -de forma clara e inequívoca- a paternidade do Plano Real, que devolveu à economia brasileira a estabilidade e o crescimento.
Foram quase 20 anos em que estivemos condenados à mediocridade e à estagnação da renda, principalmente dos mais pobres. Com o Plano Real, esse passado vergonhoso foi superado e voltamos ao grupo de nações emergentes com futuro.
O que seria considerada uma observação apenas formal em sua carta de congratulações pela passagem do aniversário de 80 anos de FHC, esse reconhecimento passou a ter uma grande relevância política.
Com razão, pois o ex-presidente Lula passou os oito anos de seu mandato renegando a importância de FHC e do Plano Real na construção da sociedade brasileira de hoje.
Além disso, Lula sempre espalhou aos quatro ventos a tese de que os anos FHC tinham deixado uma “herança maldita” a seus sucessores. O reconhecimento de Dilma do papel de FHC na estabilização e na política brasileira tornou as bravatas de Lula algo do passado. Espero que, a partir de agora, nem seu autor tenha coragem de voltar a elas.
Quero aproveitar este momento em que o papel de FHC na construção da nova economia brasileira voltou ao debate público para dividir com o leitor da Folha um trabalho sobre a evolução dos salários no Brasil, nos últimos 20 anos, feito por Fabio Ramos, economista da Quest Investimentos.
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FHC, o presidente mais importante da história do Brasil, faz 80 anos hoje
Reinaldo Azevedo |
O Brasil teve dois presidentes da República realmente fundamentais para a sua história: Getúlio Vargas e Fernando Henrique Cardozo. O primeiro descobriu o poder do estado na definição dos rumos de um país; o segundo, o poder da sociedade. Essas coisas não são um campeonato, mas, se eu tivesse de escolher, é evidente que ficaria com FHC. Com ele, não só o Brasil criou os marcos fundamentais para ocupar um lugar de destaque entre as economias emergentes como viu avançar o controle democrático do poder e do estado.
Na sexta-feira, dia 10, estive na Sala São Paulo, na festa que comemorou os seus 80 anos. FHC está de bem com a vida, feliz, ciente do seu legado e atento aos desafios presentes, com a lucidez de sempre. Fez uma brevíssima saudação aos convidados, exaltando, uma vez mais, a tolerância, a civilidade e a alegria de viver. Tendo prestado um enorme serviço aos brasileiros e ao Brasil, ele nos lembra que podemos, sim, ter um bom futuro.
Curiosamente, ou até por isto, o mais importante presidente da nossa história sofreu um tentativa de desconstrução inédita, com uma virulência como jamais se viu. Nem mesmo a ditadura avançou contra a herança do regime deposto pela “revolução” com a violência retórica com que Luiz Inácio Lula da Silva atacou o seu antecessor — nada menos do que o líder que havia posto fim ao ciclo da superinflação, que havia estabelecido os fundamentos do equilíbrio macroeconômico, que havia vencido alguns entraves históricos ao desenvolvimento. Não só isso: criou e consolidou as bases dos programas sociais no país, que, bem…, o Lula de oposição, ele sim!, chamava de “esmola”, o que está documentado em vídeo. O Apedeuta referia-se aos programas reunidos no Bolsa Família.
Oito anos de ataques implacáveis, sustentados pela mais poderosa máquina de propaganda jamais montada no país! Lula contou, ainda, com o auxílio pressuroso de setores da imprensa e do colunismo adesista, que se referiam — e alguns o fazem até agora — à “privataria” da era tucana, à “ruína” do governo FHC, ao “neoliberalismo” e a fantasias várias para tentar minimizar o papel definidor que o “homem do Real” teve na história do país.
Até ontem à noite, que se soubesse, Lula ainda não havia dado os parabéns àquele que tem a pretensão de ter como rival. Talvez não o faça. O misto de arrogância e insegurança intelectual do petista o impede de reconhecer a obra alheia, a grandeza alheia e até a gentileza alheia. Só conhece a prepotência e a subserviência. Não podendo se impor ao antecessor sob qualquer critério que se queira, então se sente diminuído — e, por essa razão, ataca.
Lula e o PT precisavam criar a farsa da ruptura com o passado para que seu projeto ganhasse identidade. Em certa medida e por um bom tempo, foram bem-sucedidos, ficando para a história o papel de fazer justiça a FHC, o que, de certo modo, já começou a acontecer, mas não sem revelar, contraditoriamente, um traço de morbidez do processo político brasileiro. Explico daqui a pouquinho.
Qualquer reconstituição minimamente honesta da história do país dos últimos 16 anos há de distinguir o homem que quebrou paradigmas e fundou a novidade daquele que teve, sim, o mérito de não tentar surfar contra a onda; há de distinguir o reformador fundamental do estado daquele que o submeteu, em muitos aspectos, a uma involução; há de distinguir o que atuou de olho no futuro daquele que buscou reescrever o passado. FHC sabe que lugar há de lhe reservar a história. E Lula também. E só por isso o tucano é capaz de reconhecer méritos no governo do petista, mas o petista jamais será capaz de reconhecer méritos no governo do tucano.
Em entrevista ao Correio Braziliense, FHC especulou, com algum humor, que Lula talvez tenha algum “problema psicológico” com ele. Tem, sim!, e já escrevi a respeito. Uma história sentimental do petista vai revelar o homem que se construiu eliminando os que o antecederam.
No sindicato, destruiu a velha-guarda na qual se ancorou para subir; no movimento sindical nacional, esmagou antigas lideranças para se tornar o grande líder; na esquerda, tratou com menosprezo ícones do pré-64, como Leonel Brizola (que o chamava de “sapo barbudo”) e Miguel Arraes; no próprio PT, desmoralizou todos aqueles que, ainda que minimamente, ousaram desafiá-lo. Não por acaso, no filme hagiográfico “O Filho do Brasil”, permitiu que o “pai” — refiro-me à entidade freudiana — fosse morto uma vez mais. Lula só sabe existir destruindo. Sua identidade estava, em sua cabeça ao menos, em ser um anti-FHC. De maneira escancarada, sempre fez questão de opor a sua ignorância à sabedoria do outro, destacando que ignorância é força. O esforço, no entanto, e já há sinais evidentes disso, vai se revelando inútil. À medida que o tempo passa, a obra de FHC se agiganta.
Estado mórbido
Aqui e ai já se começa a fazer justiça a FHC — de modo mais acentuado depois que a presidente Dilma Rousseff destacou o papel do tucano na estabilidade econômica e seu espírito democrático. Pois é… A mensagem da presidente parece ter, sei lá, destravado as consciências ou, ao menos, liberado setores da imprensa para reconhecer o óbvio. “Se até Dilma está dizendo, então deve ser mesmo verdade…” A “PeTite aguda” é uma doença do espírito que subordina a inteligência a comandos puramente ideológicos, a despeito dos fatos. É um estado mórbido — e o principal sintoma desse mal é a falta de independência.
Aqui e ai já se começa a fazer justiça a FHC — de modo mais acentuado depois que a presidente Dilma Rousseff destacou o papel do tucano na estabilidade econômica e seu espírito democrático. Pois é… A mensagem da presidente parece ter, sei lá, destravado as consciências ou, ao menos, liberado setores da imprensa para reconhecer o óbvio. “Se até Dilma está dizendo, então deve ser mesmo verdade…” A “PeTite aguda” é uma doença do espírito que subordina a inteligência a comandos puramente ideológicos, a despeito dos fatos. É um estado mórbido — e o principal sintoma desse mal é a falta de independência.
Mas deixemos essa gente pra lá. FHC faz 80 anos. Vida longa àquele que nos libertou da condenação ao atraso e soube enxergar, contra a metafísica então influente da política brasileira, que a chave dessa libertação estava em pôr mais sociedade no estado, em vez de mais estado na sociedade.
Parabéns, presidente Fernando Henrique Cardoso!
JPSDB/PA Presente nas Comemorações dos 80 Anos de FHC
JPSDB/PA e Marcello Richa, Pres. Nacional da JPSDB |
A Juventude do PSDB do Pará marcou presença na homenagem realizada pelo Senado em comemoração aos 80 anos do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso.
O evento ocorreu no Plenário Petrônio Portela, no último dia 30 de junho. Ao longo de quatro horas, com apresentação da renomada atriz Fernanda Montenegro, autoridades, políticos, aliados, adversários e amigos de FHC discursaram e prestaram homenagens ao "estadista do novo Brasil". Ainda, foram exibidos vídeos sobre a trajetória de vida de Fernando Henrique Cardoso.
José Serra e Renato Smith |
O discurso mais contundente foi o do presidente do Conselho Político do PSDB, José Serra, o qual, além de reforçar o papel determinante de FHC para a consolidação democrática e para o desenvolvimento do Brasil, teceu críticas ao governo petista.
O Senador Aécio Neves foi a grande ausência. Por motivos de saúde (sofreu uma queda de cavalo, tendo quebrado o braço), não compareceu fisicamente à cerimônia, mas não deixou de prestar sua homenagem ao aniversariante: enviou um vídeo com sua mensagem à FHC.
O governador do Pará, Simão Jatene, e o Senador Flexa Ribeiro também prestigiaram o evento, tendo inclusive reunido com FHC no gabinete do Senador.
Reunião da JPSDB |
Após a cerimônia, os representantes da JPSDB/PA participaram da reunião das juventudes tucanas do Brasil, com a presença da Executiva da JPSDB nacional e do presidente Marcello Richa.
Temas como a participação da JPSDB no CONUNE, o Congresso Nacional da JPSDB e a reforma estatutária da JPSDB foram amplamente discutidos pelos jovens presentes.
Confira algumas fotos do evento:
FHC e juventude tucana |
JPSDB/PA e Senador Álvaro Dias |
JPSDB/PA e Senador Aloysio Nunes |
Cerimônia em homenagem aos 80 anos de FHC
“Todos nós te amamos”, afirmou o ex-governador, José Serra
Brasília (30) – Aberta pelo presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), a cerimônia em homenagem ex-presidente Fernando Henrique Cardoso durou três horas e contou com a presença de governadores, antigos e atuais ministros, os presidentes da Câmara e do Senado assim como outros parlamentares de diferentes partidos, filiados e militantes do PSDB.
A cerimônia foi apresentada pela atriz Fernanda Montenegro que deu as boas vindas a FHC ao “bloco dos 80 anos”. Fernanda disse que, embora não seja e nunca tenha sido militante política, vivia ali “um momento especial e honrada em poder somar o sentimento que muitos e muitos têm em relação a FHC”.
E um deles foi destacado por ela: “o respeito, o afeto e o reconhecimento da mensagem que a presidente Dilma, lançando mão da investidura do cargo, fez na mensagem a Fernando Henrique. Mas para mim, particularmente, o significado mais marcante do ex-presidente “é a liberdade e seu intenso amor pelo Brasil”.
Em seguida, Fernanda Montenegro comandou uma apresentação mostrando palavras e expressões e as definições que FHC deu para cada uma delas. Nas palavras, por exemplo, estavam “política”, “intelectual”, “democracia” e expressões como “compromisso com a realidade” e “mas que democracia?”.
DOCUMENTÁRIO
Um dos principais momentos do evento foi a apresentação de um documentário feito pela cineasta Mônica Simões mostrando trajetória de vida de FHC, desde bebê, no colo da mãe, aos dias de hoje. Dentro deste documentário, uma entrevista em que ele lembra a sua companheira de 60 sessenta anos, dona Ruth Cardoso.
“Conheci Ruth na faculdade onde ela entrou em primeiro lugar e eu em segundo”. E confessou: “É curioso que, em certos momentos, parece que eu converso com ela. A pessoa morre fisicamente, mas ela fica dentro de você”. FHC também lembra dos tempos do exílio e diz que “nada apaga a dor de você ser tirado de onde você quer estar”.
DISCURSOS E ELOGIOS
Teotônio Vilela, falando em nome dos governadores do PSDB, abriu a série de discursos que foram desde amigos próximos, como o ex-governador de São Paulo, José Serra, e o ex-senador e atual presidente do Instituto Teotônio Vilela, Tasso Jereissati, a opositores como o presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT), e ministros como Nélson Jobim, da Defesa.
Veja trechos das falas:
Teotônio: “Fernando Henrique é um líder que segue agitando com a mesma disposição e serenidade provocativa aos 80 anos. Segundo Teotônio, FHC mostra que “ninguém, independente da idade, pode se dar o direito de ser ex-cidadão”. E finalizou: “Você é que nos homenageia ao manter acesa a chama do inconformismo”.
Marco Maia: Depois de ressaltar a alegria de estar vivendo “um momento histórico”, o petista fez uma confissão a FHC: “Em 94 e 98 trabalhei para tirar votos seus mas a dificuldade foi enorme”. Maia disse reconhecer que Fernando Henrique “é um homem de bem, comprometido com os interesses do Brasil e de seu povo que fez da sua história uma história de luta pela democracia”.
Tasso: Depois de elogiar o “bloco dos 80 anos” ali representando por FHC e por Fernanda Montenegro, Tasso lembrou a convivência com Fernando Henrique nos tempos difíceis em que o País vivia o momento de impeachment do ex-presidente e hoje senador, Fernando Collor. Tasso descrever FHC como “um homem simples e aberto a ouvir”. E também lembrou que, no exercício da Presidência da República, “ele jamais optou pelo que parecia ser mais popular e mais fácil ter o aplauso do público. Ele sempre pensou o Brasil e o seu futuro”.
Jobim: O ministro da Defesa do governo do PT lembrou a convivência com Fernando Henrique durante a Constituinte e também como seu ministro. Jobim fez questão de dizer que toda a sua relação com FHC sempre se pautou na mais absoluta transparência e lembrou que “nunca, em momento algum, na maior dificuldade, o ex-presidente criou algum momento de tensão”. Ao contrário, com suas brincadeiras, FHC era quem sempre tirava toda a tensão com brincadeiras. “E lhe digo: se hoje eu estou aqui, foi por sua causa”.
Serra: O ex-governador atribuiu a sua volta à política, depois do exílio, a Fernando Henrique. E definiu o ex-presidente como uma pessoa tolerante, respeitosa, discreta, dedicada ao trabalho. Serra disse que FHC “sempre ajudou a dar sentido à minha vida”. E, lembrou que, o ex-presidente “nunca condescendeu com o malfeito para privilegiar aliados, nunca tratou o público como privado, nunca fez profissão de fé na ignorância como suporta autenticidade e jamais passou a mão na cabeça de aloprados”.
E finalizou: “Fernando Henrique, todos nós te amamos”.
Aécio: Por motivo de saúde, o ex-governador de Minas e atual senador, Aécio Neves, encaminhou um vídeo para cumprimentar Fernando Henrique. Segundo Aécio, a extensão que ganhou a comemoração do aniversário de FHC “só tem paralelo com o Carnaval da Bahia”, brincou.
Para Aécio, Fernando Henrique tem três importantes facetas: é ousado, é um grande pensador e é um amigo sempre sedutor. Na opinião do mineiro, o que acontece agora, nas comemorações de seus 80 anos é “o reconhecimento do homem e sua obra, o resgate da verdade com o seu tempo”. E pediu que FHC auxilie na travessia para que “a ética e a política não sejam incompatíveis. Mas ao contrário. Que elas sejam complementares”.
Ouça aqui as falas de Serra, Aécio, Sérgio Guerra e Marco Maia
Veja aqui fotos do evento
Fonte: Agência Tucana com Diário TucanoJosé Serra |
Conheço Fernando Henrique há 46 anos. Chegar aos 80 com grande vitalidade física e intelectual é certamente uma fortuna. Melhor ainda para o Brasil e para nós, os seus amigos, que podemos compartilhar de sua inteligência e de sua clareza.
Fernando Henrique teve enorme influência na formação intelectual de várias gerações de brasileiros, e isso vale também para mim. Teve participação ativa na minha reinserção da política depois do exílio, e me foi dado o privilégio de comandar dois ministérios durante o seu governo.
Mesmo que assim não fosse, que não tivesse havido essa influência nem aquela amizade, eu o estaria cumprimentando de forma sincera, dada a importância que teve para o nosso país.
Ele foi a condição necessária para que o Brasil obtivesse duas conquistas históricas: o fim da superinflação de 15 anos e a implantação da rede de proteção social.
Devemos também a Fernando Henrique o exemplo de homem público digno, democrata convicto, defensor da liberdade e do respeito aos adversários. Fernando Henrique é uma experiência de civilidade. E sou muito grato por nossa amizade.
José Serra
A Soma e o Resto - FHC
Fernando Henrique Cardoso |
Tomo de empréstimo o título de um livro de Henri Lefebvre, escritor francês que rompeu com o Partido Comunista em 1958 e publicou as suas razões para tanto nesse livro de 1959. Anos mais tarde, em 1967-1968, fui colega de Lefebvre em Nanterre, quando demos início - juntamente com Alain Touraine, Michel Crozier e com o então quase adolescente Manuel Castells - a uma experiência de renovação da velha “Sorbonne”, na área das Ciências Humanas.
Sempre gostei do título do livro de Lefebvre e agora, ao escrever estas linhas - sem nenhuma pretensão a devaneios psicanalíticos -, recordo-me também de que Lefebvre tinha uma grande semelhança física com meu pai. Mas o fato é que há momentos para fazer um balanço. No caso, Lefebvre descontava o que o Partido Comunista lhe tirara ou ele do mesmo e via o que sobrava: a experiência dramática das revelações que Nikita Kruchev fizera dos horrores stalinistas, somadas à invasão da Hungria, provocaram uma remexida crítica na intelectualidade europeia, que não deixou de afetar a brasileira e a mim próprio.
Hoje, ao completar 80 anos de idade, diante do fato inescapável de que o tempo vai passando e às vezes não deixa pedra sobre pedra, eu, que não sou dado a balanços de mim mesmo (nem dos outros), senti certa comichão para ver o que resta a fazer e a soma das coisas que andei fazendo. Mas não se assuste o leitor: o espaço de uma crônica não dá para arrolar o esforço de oito décadas para tentar construir algo na vida, quanto mais para listar o muito de errado que fiz, que pode superar as pedras que eventualmente tenham ficado em pé. Além do mais, prefiro olhar para a frente a mirar para trás.
Quando algum repórter me pergunta o que acho que ficará de mim na História, costumo dizer, com o realismo de quem é familiarizado com ela, que daqui a cem anos provavelmente nada, talvez um traço dizendo que fui presidente do Brasil de 1995 a 2003. Quando insistem em que fiz isso ou aquilo, outra vez o meu realismo - não pessimismo nem hipocrisia de modéstia - pondera que, no transcorrer da História, quem sobra nela é visto e revisto pelos pósteros ora de modo positivo, ora negativo, dependendo da atmosfera reinante e da tendência de quem revê os acontecimentos passados. Portanto, melhor não nos deixarmos embalar pela ilusão de que há pedras que ficam e que serão sempre laudadas. Além do mais, dito com um pouco de ironia, se o julgamento que vale para os homens políticos e mesmo para os intelectuais é o da História, de que serve o que digam de nós depois de mortos?
Pois bem, se é assim, se o que vale é o agora, não tenho palavras para agradecer a tantos, e foram muitos, que se referiram a mim com generosidade neste passado mês de junho. Mesmo sabendo, repito, da efemeridade dos juízos, é bom escutar pessoas próximas, não tão próximas e mesmo distanciadas por divergências procurarem ver mais o lado bom, quando não apenas ele, e expressarem opiniões que me deixaram lisonjeado e, a despeito do meu realismo, quase embalado na ilusão de que fiz mais do que penso ter feito. Como não posso agradecer a cada um pessoalmente, nem desejo deixar de lado alguém, nem os muitos que me disseram pessoalmente palavras de estímulo ou as registraram por cartas, e-mails ou na web, aproveito esta página de jornal para reiterar que não sei como exprimir o quanto a solidariedade dos contemporâneos me emocionou.
Não me posso queixar da vida. Vivi a maior parte do tempo dias alegres, mesmo que muitas vezes tensos. Assim como senti as perdas que fazem parte de sobreviver. Perdi muita gente próxima ou que admirava a distância nestes 80 anos. Pais, irmãos, mulher, amigos, amigas, companheiros de vida acadêmica e política. Ainda agora, para que nem tudo fossem rosas, perdi às vésperas de meu aniversário um companheiro de universidade com quem convivi cerca de 50 anos, Juarez Brandão Lopes. E no momento em que escrevo estas linhas veio a notícia da morte de Paulo Renato Souza, companheiro, colaborador, grande ministro da Educação, colega de exílio.
As perdas, para quem está vivo, são relativas. Aprendi a conviver na memória com as pessoas queridas e mesmo com algumas mais distantes com as quais “converso” vez por outra no imaginário para reposicionar o que penso ou digo. Tomo em conta o que diriam os que não estão mais por aqui, mas deixaram marcas profundas em mim. Na soma, não cabe dúvida, mantive mais amigos que adversários. Não sinto rancor por ninguém, talvez até por uma característica psicológica, pois esqueço logo as coisas de que não gosto e procuro me lembrar das que gosto e pelas quais tenho apego.
Por fim, para não escrever uma página muito água com açúcar, se me conforta ter tantos amigos e receber deles tanto apoio, e se prezo a amizade acima de quase tudo, devo confessar que, apesar de meu pendor intelectual ser forte, no fundo, sou um Homo politicus. Herdado de meus pais e de algumas gerações de ancestrais, vivo a vida na tecla do serviço ao público, da polis, e para mim o público hoje não é apenas o brasileiro, mas tem uma dimensão global.
Pode parecer “coisa de velho”, mas o fato é que a esta altura da vida estou convencido, sem prejuízo das crenças partidárias e ideológicas, de que cada vez mais, como humanidade, como cidadão e como seres nacionais, simultaneamente, nos estamos aproximando de uma época na qual ou encontramos alguns pontos de convergência, uma estratégia comum para a sobrevivência da vida no planeta e para a melhoria da condição de vida dos mais pobres em cada país, ou haverá riscos efetivos de rupturas no equilíbrio ecológico e no tecido social.
Não é o caso de especificar as questões neste momento. Mas cabe deixar uma palavra de advertência e de otimismo: é difícil buscar caminhos que permitam, em alguns temas, uma marcha em comum, mas não é impossível. Tentemos. Vi tanta boa vontade ao redor de mim nestas últimas semanas que a melhor maneira de retribuir é dizendo: espero poder ajudar todos e cada um a sermos mais felizes e dispormos de melhores condições de vida. Guardarei as armas do interesse pessoal, partidário ou mesmo dos egoísmos nacionais sempre que vislumbrar uma estratégia de convergência que permita dias melhores no futuro.
Com confiança e determinação, eles poderão vir.
Pois bem, se é assim, se o que vale é o agora, não tenho palavras para agradecer a tantos, e foram muitos, que se referiram a mim com generosidade neste passado mês de junho. Mesmo sabendo, repito, da efemeridade dos juízos, é bom escutar pessoas próximas, não tão próximas e mesmo distanciadas por divergências procurarem ver mais o lado bom, quando não apenas ele, e expressarem opiniões que me deixaram lisonjeado e, a despeito do meu realismo, quase embalado na ilusão de que fiz mais do que penso ter feito. Como não posso agradecer a cada um pessoalmente, nem desejo deixar de lado alguém, nem os muitos que me disseram pessoalmente palavras de estímulo ou as registraram por cartas, e-mails ou na web, aproveito esta página de jornal para reiterar que não sei como exprimir o quanto a solidariedade dos contemporâneos me emocionou.
Não me posso queixar da vida. Vivi a maior parte do tempo dias alegres, mesmo que muitas vezes tensos. Assim como senti as perdas que fazem parte de sobreviver. Perdi muita gente próxima ou que admirava a distância nestes 80 anos. Pais, irmãos, mulher, amigos, amigas, companheiros de vida acadêmica e política. Ainda agora, para que nem tudo fossem rosas, perdi às vésperas de meu aniversário um companheiro de universidade com quem convivi cerca de 50 anos, Juarez Brandão Lopes. E no momento em que escrevo estas linhas veio a notícia da morte de Paulo Renato Souza, companheiro, colaborador, grande ministro da Educação, colega de exílio.
As perdas, para quem está vivo, são relativas. Aprendi a conviver na memória com as pessoas queridas e mesmo com algumas mais distantes com as quais “converso” vez por outra no imaginário para reposicionar o que penso ou digo. Tomo em conta o que diriam os que não estão mais por aqui, mas deixaram marcas profundas em mim. Na soma, não cabe dúvida, mantive mais amigos que adversários. Não sinto rancor por ninguém, talvez até por uma característica psicológica, pois esqueço logo as coisas de que não gosto e procuro me lembrar das que gosto e pelas quais tenho apego.
Por fim, para não escrever uma página muito água com açúcar, se me conforta ter tantos amigos e receber deles tanto apoio, e se prezo a amizade acima de quase tudo, devo confessar que, apesar de meu pendor intelectual ser forte, no fundo, sou um Homo politicus. Herdado de meus pais e de algumas gerações de ancestrais, vivo a vida na tecla do serviço ao público, da polis, e para mim o público hoje não é apenas o brasileiro, mas tem uma dimensão global.
Pode parecer “coisa de velho”, mas o fato é que a esta altura da vida estou convencido, sem prejuízo das crenças partidárias e ideológicas, de que cada vez mais, como humanidade, como cidadão e como seres nacionais, simultaneamente, nos estamos aproximando de uma época na qual ou encontramos alguns pontos de convergência, uma estratégia comum para a sobrevivência da vida no planeta e para a melhoria da condição de vida dos mais pobres em cada país, ou haverá riscos efetivos de rupturas no equilíbrio ecológico e no tecido social.
Não é o caso de especificar as questões neste momento. Mas cabe deixar uma palavra de advertência e de otimismo: é difícil buscar caminhos que permitam, em alguns temas, uma marcha em comum, mas não é impossível. Tentemos. Vi tanta boa vontade ao redor de mim nestas últimas semanas que a melhor maneira de retribuir é dizendo: espero poder ajudar todos e cada um a sermos mais felizes e dispormos de melhores condições de vida. Guardarei as armas do interesse pessoal, partidário ou mesmo dos egoísmos nacionais sempre que vislumbrar uma estratégia de convergência que permita dias melhores no futuro.
Com confiança e determinação, eles poderão vir.