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quinta-feira, 19 de maio de 2011

Artigo - Só ele não pode?

      Arthur Virgílio
As bancadas oposicionistas na Câmara e no Senado ficaram reduzidas a menos de 20% do total de congressistas. A partir de “estratégia” do ex-Presidente Lula, sua sucessora montou arrasadora bancada de apoio.
Cheguei a ter esperanças de que reformas profundas seriam propostas, compensando o passado recente do PT reacionário que, no Parlamento e nos tribunais, buscava impedir que a economia brasileira se modernizasse.
Compensando a medíocre opção que Lula fez pela popularidade, inútil para o Brasil, evitando medidas necessárias, porém desgastantes.
Pensei com meus botões: se Dilma requer tantos deputados e senadores ao seu lado, é porque pretende fazer governo marcado por mudanças constitucionais, que exigem aprovação de 3/5 dos membros de cada Casa. Meus botões concordaram: “Afinal, medo de CPI não deve ser, porque Lula, escaldado com a que investigou o mensalão, partiu para desmoralizar esse instituto. A cada investigação que se instalava, ele escalava o baixo clero para berrar nas sessões e votar contra requerimentos incômodos. E as CPIs terminavam em pizza”.
Logo, a Presidente não pretendia reformar nada e nem tinha razões de temer CPIs. Só podia, então, vingar uma terceira hipótese: aliança espúria para prosseguir no aparelhamento da máquina pública e na pilhagem do Estado, diante de uma oposição tornada inofensiva e de uma sociedade atônita.
Afinal, de que serviu essa base tão numerosa quanto flácida, verdadeiro exército de Xerxes, nas tentativas de votação do Código Florestal? O governo serve apenas para satisfazer apetites fisiológicos? Sequer consegue impor seu ponto de vista em matéria tão relevante do ponto de vista de política ambiental e do futuro do agronegócio?
Ora, se o objetivo é a fisiologia, por que a “discriminação” contra o deputado Eduardo Cunha, que ambiciona ser donatário de Furnas? Por que não lhe entregam a prenda? Por que meramente lhe concedem “modesta” diretoria da Petrobrás e lhe usam o “santo” nome em vão, quando desejam passar por austeros diante da opinião pública?
Cunha deve estar “revoltado”. Todos “podem”, sob elogios e perdões prévios e posteriores, e ele não?
Achincalham-no por fazer o mesmo que seus nobres colegas de coalisão?
“Entregue-se” Furnas a Eduardo Cunha ou restaure-se a moralidade.


sábado, 30 de abril de 2011

Partido Democrata do Brasil?

O PSDB se perde em brigas internas e, por isso, se mostra incapaz de fazer oposição focada e densa.
Divide-se em grupos, cada um com seu candidato presidencial preferido, como se a eleição de 2014 fosse amanhã e não tivesse adversário a enfrentar. O clima está longe de ser promissor ou construtivo.
Dilma Rousseff é refém da crise fiscal que fez Lula popular e a elegeu Presidente. Não toma atitudes fortes contra a valorização do real, que ameaça desindustrializar o País, porque dólar desvalorizado facilita importações e impede inflação ainda mais explosiva que a de hoje. E porque precisa de fortes entradas de dólares para cobrir o rombo das contas externas.
Daí os juros elevados. Medidas “meia-boca”. Imobilismo.
O governo anunciou cortes orçamentários de R$50 bilhões, que não realizará, e repassa mais R$55 bilhões, recolhidos no mercado a juros pesados, para o BNDES emprestar a grandes empresas a juros subsidiados. Corte mesmo só em itens como o combate ao trabalho escravo.
A “mágica” se esgotou. ¼ da renda das famílias vai para pagamento de dívidas. Idosos pendurados no crédito consignado.
Nada de reformas. A fisiologia corre solta. Há Ministros debochados. E Ministérios demais.
A máquina incha. Cargos para a companheirada, esbofeteando quem fez concurso e não será chamado. Desiludindo quem pretende submeter-se a concursos que não serão convocados.
Quatro meses de gestão e nada. Prato cheio para uma oposição coesa e fraterna. Não importa o número. O PT contava com oito senadores e poucos deputados, mas conseguia mobilizar forças da sociedade para enfrentar o governo Fernando Henrique, que é, aliás, o grande nome das oposições. Sua figura mais lúcida e generosa.
Tinha razão Tancredo. Presidência é destino e não promoção burocrática. O PSDB deveria ter predestinados a menos e companheiros humildes a mais. Poderia estar encurralando um governo nascido de estelionato eleitoral, que não tem saída econômica fácil: se correr o bicho pega, se ficar bicho come.
Mas está encurralando a si mesmo no jogo de egos. Parece o Partido Democrata dos EUA, especializado em perder eleições para os Republicanos.

Arthur Virgílio é diplomata, foi líder do PSDB no Senado