Arthur Virgílio |
As bancadas oposicionistas na Câmara e no Senado ficaram reduzidas a menos de 20% do total de congressistas. A partir de “estratégia” do ex-Presidente Lula, sua sucessora montou arrasadora bancada de apoio.
Cheguei a ter esperanças de que reformas profundas seriam propostas, compensando o passado recente do PT reacionário que, no Parlamento e nos tribunais, buscava impedir que a economia brasileira se modernizasse.
Compensando a medíocre opção que Lula fez pela popularidade, inútil para o Brasil, evitando medidas necessárias, porém desgastantes.
Pensei com meus botões: se Dilma requer tantos deputados e senadores ao seu lado, é porque pretende fazer governo marcado por mudanças constitucionais, que exigem aprovação de 3/5 dos membros de cada Casa. Meus botões concordaram: “Afinal, medo de CPI não deve ser, porque Lula, escaldado com a que investigou o mensalão, partiu para desmoralizar esse instituto. A cada investigação que se instalava, ele escalava o baixo clero para berrar nas sessões e votar contra requerimentos incômodos. E as CPIs terminavam em pizza”.
Logo, a Presidente não pretendia reformar nada e nem tinha razões de temer CPIs. Só podia, então, vingar uma terceira hipótese: aliança espúria para prosseguir no aparelhamento da máquina pública e na pilhagem do Estado, diante de uma oposição tornada inofensiva e de uma sociedade atônita.
Afinal, de que serviu essa base tão numerosa quanto flácida, verdadeiro exército de Xerxes, nas tentativas de votação do Código Florestal? O governo serve apenas para satisfazer apetites fisiológicos? Sequer consegue impor seu ponto de vista em matéria tão relevante do ponto de vista de política ambiental e do futuro do agronegócio?
Ora, se o objetivo é a fisiologia, por que a “discriminação” contra o deputado Eduardo Cunha, que ambiciona ser donatário de Furnas? Por que não lhe entregam a prenda? Por que meramente lhe concedem “modesta” diretoria da Petrobrás e lhe usam o “santo” nome em vão, quando desejam passar por austeros diante da opinião pública?
Cunha deve estar “revoltado”. Todos “podem”, sob elogios e perdões prévios e posteriores, e ele não?
Achincalham-no por fazer o mesmo que seus nobres colegas de coalisão?
“Entregue-se” Furnas a Eduardo Cunha ou restaure-se a moralidade.
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