quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

ENFIM, BELO MONTE

- Nicias Ribeiro
- Engenheiro eletrônico
- nicias@uol.com.br

Até que enfim, o IBAMA concedeu a licença prévia de Belo Monte e esse fato encheu de euforia o setor elétrico nacional, não só porque se trata de um belíssimo projeto, mas, principalmente, pela necessidade de sua implantação. E para se entender isso, é preciso que voltemos a década de 70, quando, no governo Médici, se inicou a construção de várias hidrelétricas, inclusive ITAIPÚ e TUCURUÍ. Porém, graças a 1ª crise mundial do petróleo, que ocorreu no governo Geisel, só continuaram em ritmo acelerado as obras de Itaipu, por ser binacional e as de Tucuruí, em face dos acordos para a implantação da ALCOA em São Luiz do Maranhão, da ALBRAS e ALUNORTE em Barcarena e por Belém, que vivia prat icamente as escuras devido as termoelétricas da antiga CELPA não suportarem a demanda do consumo.
No governo João Figueiredo ocorreu a 2ª crise mundial do petróleo, que atingiu em cheio a economia do Brasil e que levou a paralização das obras de construção de todas as hidrelétricas, com excessão de ITAIPÚ e de TUCURUÍ cujas primeiras máquinas entraram em funcionamento, ainda, no início dos anos 80. As demais só foram retomadas no governo FHC, na década de 90, quando foram concluídas as hidrelétricas do ”Paredão”, no Amapá; “Balbina”, no Amazonas; “Samuel”, em Rondônia; “Manso”, em Mato grosso; “Lageado”, no Tocantins; além de “Itaipu”, que teve as suas últimas máquinas instaladas e a de “Tucuruí”, cuja 2ª etapa foi totalmente construída nesse período e que hoje está com o total da sua potência instalada.
Como se vê, com exceção das usinas termonucleares de Angra dos Reis, que foram iniciadas no governo Geisel, nenhuma outra usina foi iniciada desde o governo Médice. E nesse meio tempo, que durou mais de 20 anos, a população brasileira crescia a uma taxa de 4,0 à 5,0% ao ano. E como não foi construída nenhuma nova hidrelétrica, não havia como atender a demanda do consumo de energia em nossas cidades, que por sua vez, inchavam, também, em razão da migração. Por outro lado, com o advento do Plano Real e a reorganização da nossa economia, houve a expansão do parque industrial brasileiro, aumentando, ainda mais, o consumo de energia elétrica em nosso País. E esses fatos, somados ao pouco volume d’ água nos reservatórios das várias hidrelétricas do centro Sul do Brasil, em razão das chuvas que não conseguiam manter o nível ideal desses reservatórios, deu no apagão de 2001 e a culpa recaiu no Presidente FHC, apesar de não ter culpa alguma, até por que S. Exa. concluiu todas as hidrelétricas cujas obras estavam paralisadas desde o governo João Figueiredo; todavia, ao fazê-lo, o fez defasado em no mínimo 20 anos. E como hidrelétrica não se acha pronta para venda em nenhum Shopping, a solução imediata foi a compra de termoelétricas e a construção de grandes e potentes redes de transmissão, como foi o caso da chamada linha Norte-Sul que leva a energia de Tucurui ao Sudeste, além de estimular a construção das chamadas PCH (pequenas centrais hidrelétricas) por produtores independentes.
Registre-se que todos esses procedimentos foram seguidos, a risca, pelo Presidente Lula, em cujo primeiro mandato, aliás, não foi iniciada nenhuma hidrelétrica, fato que ocorreu só no final de 2008, quando foram iniciadas as obras de Santo Antonio e Jirau, no Rio Madeira, em Rondônia. Até então, o governo Lula só havia licitado linhas de transmissão. Mas, de que adianta essas linhas, se não há energia a ser transportada? Essa, foi uma das causas do apagão de 2009. E não adianta tentar “apagar o sol com a peneira”, uma vez que o que o Brasil precisa, mesmo, é de energia nova, para poder atender, com segurança, a demanda de um parque industrial robusto e de uma população de quase 200 milhões de habitantes.
Eis aí a razão da necessidade de se construir, as hidrelétricas de Santo Antonio e de Jirau, no Rio Madeira; de Belo Monte, no rio Xingu e de São Luiz do Tapajós, sendo que a mais importante é Belo Monte, por causa da sua localização geográfica e da sua grande potência (11.370 Mw) na época da cheia do Xingu, que coincide, graças ao regime hidrológico diferenciado, com a estiagem dos rios da Bacia do Prata, garantindo,assim, o suprimento de energia no Sudeste do Brasil.

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