quinta-feira, 6 de maio de 2010

O Pará em primeiro lugar

Os meus dois últimos artigos, “Obrigado presidente Lula” e “Parabéns Presidente”, levaram algumas pessoas a imaginar que eu havia “me bandeado para o lado do presidente Lula”, o que apresso-me a esclarecer, até porque continuo onde sempre estive, defedendo o desenvolvimento do Pará e do Brasil. E não é o fato de ter reconhecido a posição firme do presidente Lula, em defesa da construção da hidrelétrica de Belo Monte em oposição aos que não querem o bem do Brasil, que eu tenha mudado de lado e passado a apoiá-lo politicamente.
Na verdade, entendo que o Pará deve estar sempre em primeiro lugar e acima de qualquer diferença ideológica ou partidária. Aliás, eu comungo da idéia do professor Simão Jatene quando diz que o Pará é maior que qualquer liderança ou partido político. E em assim sendo, entendo que não é exagero aplaudir uma determinada ação do presidente Lula, quando esta vem ao encontro dos anseios de crescimento do Pará e do Brasil, como é o caso da construção da hidrelétrica de Belo Monte. Ademais, não há como negar que Belo Monte não teria obtido a licença prévia do Ibama se não fosse a interferência de S.Exa., uma vez que os técnicos desse orgão da administração federal são, na sua grande maioria, política e ideologicamente contrários à construção de qualquer hidrelétrica no Brasil, seja ela gran de ou pequena, mesmo que não cause nenhum impacto ambiental. Por outro lado, se não houvesse a licença prévia do Ibama, a Agência Nacional de Energia Elétrica não poderia realizar o leilão de concessão de Belo Monte.
E mais: se não fosse o presidente Lula, a Advocacia Geral da União não teria ficado de prontidão em Altamira e em Brasília para recorrer das três liminares da Justiça Federal que cancelavam o referido leilão. E em meio a essa batalha judicial, o presidente partiu para o ataque verbal aos inimigos do Brasil, que, como ele mesmo disse, “são a favor do apagão e não do desenvolvimento”. Como, então, não parabenizar o presidente, se ele disse exatamente o que eu diria? É claro que S.Exa. é merecedor de parabéns, até porque eu não aguentava mais ler e ouvir tanta baboseira a respeito de Belo Monte, ditas por pessoas que não sabiam, sequer, o que estavam falando. Aliás, sobre este assunto, abro um parêntese para parabenizar o professor Nagib Charone Filho pelo seu artigo “Bom dia, Belo Monte”, de d omingo passado em O Liberal, no qual, esse profissional de engenharia, diz que “quem fala em transformar Belo Monte em energia solar está cometendo crime de falsidade ideológica”. E é fato, até porque quem disse isso, seguramente não tem idéia de quantas placas fotovotaicas seriam necessárias para captar e transformar a energia solar em energia elétrica. Na verdade, o professor Nagib invocou até Lavoisier, o grande cientista francês, para esclarecer que a energia elétrica não se fabrica, ela é o resultado da transformação da energia hídrica, ou da energia térmica, ou da energia eólica, ou da energia solar.
Mas, aproveitando a deixa do professor Nagib Charone, será que aqueles que são contrários a Belo Monte sabem, por acaso, quanto custa um megawatt/hora de energia elétrica gerada a partir da energia eólica ou da energia solar? Belo Monte, de acordo com o leilão, deverá vender energia a R$77,97 o megawatt/hora, enquanto que o megawatt/hora gerado a partir da energia eólica é quase o dobro desse valor e o da energia solar é muito mais que o dobro.
É certo que o Brasil avance na utilização e na pesquisa de outras fontes alternativas de energia, limpas e renováveis. Contudo, por enquanto, devemos centrar a nossa matriz na energia hidrelétrica, até porque, diferentemente de outros países, o Brasil dispõe de um fabuloso potencial que ainda não foi utilizado, como é o caso, por exemplo, do complexo hidrelétrico de S. Luiz do Tapajós com potência superior a 10 milhões de quilowatts; da hidrelétrica de Marabá, no alto rio Tocantins, com potência de 2 milhões de quilowatts e da hidrelétrica de Santa Izabel do Araguaia, com potência de 1,8 milhões de quilowatts. Aliás, esses três empreendimentos integram o 2º PAC do governo Lula e que, obviamente, serão construídas no próximo governo, como Belo Monte que integra o 1º PAC.
Abraços,

NICIAS RIBEIRO

(Publicado em O LIBERAL de 05/05/2010, 1º caderno, pág. 02)

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