segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Discurso de José Serra no Encontro do Instituto Teotônio Vilela

Oposição, programa de governo e ação política

Desperdiçam-se muita energia e muito tempo no debate sobre como fazer oposição, mas a receita é algo simples: dizer o que está errado no governo e propor outras maneiras, diferentes, de fazer o que precisa ser feito.
Toda oposição precisa beber do conhecimento, de fontes intelectuais para poder avançar. E não só a oposição. Aliás, um traço marcante dos governos do PT é a absoluta impotência para produzir ideias novas, capazes de oferecer soluções originais e eficazes aos velhos impasses.
O caminho da oposição se alimenta nessa esfera, precisa dela, mas se constrói na esfera política e na social.
Não esqueçamos nunca que a alternativa de poder é produzida no dia-a-dia. Claro que precisa haver um norte, uma bússola. Mas ninguém vai a lugar nenhum só com ela. É preciso fazer o barco navegar com determinação até o objetivo desejado.
Ao longo das últimas décadas, o Brasil produziu um razoável consenso sobre as linhas gerais do país que queremos. Uma democracia, com justiça social, desenvolvimento, respeito à natureza e aos direitos humanos.
De uma ponta a outra do espectro político todas as correntes ponderáveis declaram sua identidade com essas linhas gerais. É, aliás, um produto da História. As alternativas escasseiam.
Um sintoma é que mesmo em plena crise do capitalismo global não se ouvem vozes significativas a propor a substituição do sistema, e sim sua humanização com o propósito de produzir sociedades mais justas. Uma convergência impensável no século XX.
Assim, a disputa política acaba traduzindo-se no oferecimento das diversas opções para promover, na prática, aquelas linhas gerais. Em vez de “que sociedade queremos?”, a tensão está principalmente em “como alcançá-la”.

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