segunda-feira, 26 de setembro de 2011

A mentira como método

Na última semana o Pará ficou chocado com a notícia de que uma adolescente teria sido estuprada por detentos do sistema penitenciário do Estado. O escândalo levou à exoneração do superintendente da SUSIPE, do diretor da Colônia Agrícola Heleno Fragoso e de todos os agentes penitenciários daquele estabelecimento.
Esse episódio também serviu para revelar mais uma vez a face oportunista do Partido dos Trabalhadores, o qual tentou desde logo comparar este caso com o ocorrido em 2007 em Abaetetuba, durante o governo Ana Júlia. A imprensa em geral, seja por ingenuidade, ignorância, má fé, ou por interesses inconfessáveis, tratou de endossar a tese.
Este comportamento já foi visto outras vezes, como no caso da Santa Casa, ou do assassinato dos trabalhadores rurais de Nova Ipixuna. Por isso, faz-se necessário separar o joio do trigo, colocar os pingos nos “is” e repor a verdade dos fatos, por mais inconveniente que seja.
Em maio, dois assentados foram assassinados em Nova Ipixuna. O PT correu para a TV e em suas inserções responsabilizou o governo do Estado pelas mortes, relacionando o acontecimento com o homicídio da irmã Dorothy Stang.
Pois bem, o gov. Simão Jatene exigiu máximo rigor na apuração e, após as investigações, concluiu-se que a morte dos trabalhadores era fruto de um conflito entre os próprios assentados da comunidade rural, não tendo relação nenhuma com uma suposto ataque de madeireiros, como se chegou a veicular.
Em agosto, uma gestante teve atendimento negado na Santa Casa e após muita confusão acabou parindo seus filhos na triagem do hospital. Imediatamente, o PT passou a comparar o caso com o ocorrido em 2008, em que cerca de 30 bebês morreram em 8 dias naquela instituição.
Porém, a verdade veio à tona e o fato é: não houve morte de bebês. Isso porque os bebês já estavam mortos há dois dias. Portanto, não morreram na Santa Casa, nem por negligência. O grande problema neste caso foi a direção do hospital ter negado atendimento à gestante, fechado as portas da maternidade,fato inadmissível. O gov. Simão Jatene agiu rapidamente e exonerou a então diretora da Santa Casa.
Agora, o PT tenta justificar a sua falta em 2007, no caso da adolescente presa e estuprada dentro de uma delegacia com o recente caso SUSIPE. De fato, os casos não guardam nem de longe qualquer semelhança entre si. Em primeiro lugar, neste caso a menor não foi presa, tampouco a violência ocorreu dentro do estabelecimento penal.
Aqui, a responsabilidade direta do Estado reside no fato de os detentos terem livre entrada e saída da casa penal, o que não poderia ser tolerado e por este motivo os dirigentes do sistema penitenciário foram exonerados. A adolescente tem recebido também apoio do Estado através do programa PRO PAZ e a polícia está em busca de sua aliciadora, já que o fato envolve exploração sexual de crianças e adolescentes.
Por fim, a renovação do aluguel de carros para a PM pela mesma empresa (Delta) que havia alugado carros durante o governo do PT é apontada como reconhecimento pelo governo tucano de que os petistas agiram corretamente. Ora, a crítica que a oposição ao governo Ana Júlia fazia se referia ao fato de aquelas locações terem se dado sem licitação, além de os carros (modelo Palio 1.0) não serem equipados, nem adequados para fazer policiamento. Hoje a situação é diferente. Houve licitação, onde foi exigido outro modelo de carro, além de equipamentos especiais. O que o governo não poderia fazer era manipular o processo licitatório para evitar que a empresa Delta vencesse a concorrência.
Importantes esses esclarecimentos para que não se deixe levar pela politicagem. Como se sabe, em geral, as teses do PT só fazem algum sentido mediante a manipulação e distorção dos fatos. Quando as mentiras são reveladas, o discurso petista se dissolve, como quando uma onda do mar derruba um castelo de areia. Outra constatação: se antes o PT se esforçava para dizer que era diferente de todos, hoje faz questão de dizer que é igual.
Por Victor Picanço 

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